quinta-feira, 24 de abril de 2014

Presença do celular na sala de aula ainda gera polêmica

CELULAR NA SALA DE AULA?


O mundo contemporâneo oferece uma multiplicidade de alternativas tecnológicas. Vivemos na sociedade da informação. Podemos buscar qualquer informação que desejemos, basta que nos apropriemos dos mecanismos e técnicas adequadas. Na educação formal não é diferente. Trabalhamos na lógica do conhecimento compartilhado, da produção coletiva, do exercício da criação, na lógica das redes. O aluno de hoje não precisa – e não deve – aceitar passivamente o que lhe é oferecido em sala de aula. Ele busca outras fontes, ele se capacita além da sala de aula.
Recentemente, em salas de aula de uma universidade federal, encontrei cartazes colados nos quadros com as seguintes palavras: PARA UM MELHOR APROVEITAMENTO DA AULA, POR FAVOR, MANTENHA O CELULAR DESLIGADO. TODOS/AS AGRADECEM!
Aquilo me incomodou. A atitude institucional vai contra o que se espera de uma universidade adequada aos tempos hodiernos. A imagem de um docente centralizador, “dono” do conhecimento diante de mentes menos capacitadas, tem perdido poder. O estudante atual tem ao seu dispor uma série de fontes de informação. A universidade é só mais uma destas. Tentar controlar o uso de tecnologias em sala sugere que o docente é o único meio que o aluno pode encontrar para obter conhecimento naquele espaço.
A Universidade Federal do Sul da Bahia, que receberá seus primeiros alunos no segundo semestre de 2014, vem sendo planejada levando em plena consideração a presença das tecnologias em sala de aula. Desmistifica-se o professor “estrela” e se constrói um sistema de ensino e de aprendizagem coletiva, colaborativa. E, por consequência, mais eficiente diante das demandas formativas atuais.
O referencial dessa reflexão tomado pelas matrizes teóricas da UFSB está em Pierre Lévy. Para ele, nessa realidade, surgem espaços abertos e não lineares, onde cada indivíduo preenche um papel específico, único. E, segundo Lévy, torna-se urgente uma profunda reforma no sistema educacional no que diz respeito a reconhecer as experiências adquiridas por cada personagem do jogo educativo. Para ele, escolas e universidades deixam de ter exclusividade na criação e transmissão do conhecimento. A ideia agora é orientar os caminhos individuais, reconhecendo os saberes de cada pessoa, os diferentes olhares.
Tal como Thomas Friedman afirmou em recente artigo: “Não importa a quantidade de informação e sim a qualidade desta. Mais importante do que aquilo que você sabe é aquilo que você é capaz de fazer com o que você sabe. Uma escola livresca, de ensino uniformizador, não tem mais a capacidade de oferecer atrativos para as novas gerações”.
A UNESCO, por meio da Coordenação de Educação, em 2013, divulgou o documento Diretrizes para Política de Aprendizagem Móvel, o qual estimula o uso de tecnologias móveis em sala de aula. Segundo o documento, “não usar tecnologias móveis é perder oportunidades educacionais muito ricas”.
E, se meu aluno pode confrontar as informações que eu apresento em sala através de recursos tecnológicos, penso que isso potencializará a qualidade de seu aprendizado. Diante do cartaz citado, contrario-me e digo aos meus alunos: Ligue o celular e faça bom uso durante a aula!

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