quinta-feira, 24 de abril de 2014

Aparelho, que é mania entre crianças e adolescentes, deve ter limites em sua utilização no ambiente escolar

Celular em sala de aula atrapalha concentração de alunos


Sofia Dias Fabre, de 15 anos, é uma das 159.613.507 pessoas que têm acesso ao serviço de telefonia móvel no Brasil. A adolescente ganhou o primeiro aparelho da avó há cerca de quatro anos, quando tinha 9 anos de idade. Desde então, ela leva o objeto para onde quer que vá, inclusive para a escola. O local é considerado inadequado para a utilização do aparelho.
De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a região de Londrina, que compreende o DDD 43, registrou 1.551.984 acessos ao serviço móvel pessoal. Conforme informou a assessoria de imprensa, este dado pode ser maior que a quantidade de aparelhos, já que, em muitos casos, algumas pessoas possuem mais de um número por aparelho.
Londrina é a 36.ª cidade com o maior número de acessos à telefonia móvel no país, com média de 77,87 acessos para cada 100 habitantes. Estimativas extra-oficiais apontam que a cidade tenha entre 300 mil aparelhos e 400 mil acessos à telefonia móvel. Isso porque quando uma pessoa compra um celular, ela ganha diversos chips de várias operadoras. 

A pedagoga e docente do departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Gilmara Lupion Moreno, considera a tecnologia do celular positiva para a comunicação entre pais e filhos, principalmente em alguma emergência. Entretanto, dentro da sala de aula, o aparelho pode prejudicar o processo de aprendizado. “A escola não é um espaço para isso. Vejo como um instrumento desnecessário da lista de materiais”, apontou.
Gilmara reconheceu que não há como proibir que crianças e adolescentes levem o aparelho para a escola, mas afirmou ser necessário estipular limites para o uso no ambiente escolar. “Não adianta proibir. O celular está no mercado e tem a sua função, mas é preciso ter limites para não atrapalhar o desempenho do aluno”, afirmou. De acordo com ela, o aparelho provoca ansiedade e expectativa nas crianças e adolescentes, principalmente quando ficam esperando algum tipo de mensagem ou ligação de amigos.

É preciso tomar cuidado, de acordo com ela, para que o telefone não toque dentro da sala de aula. “Isso não deve acontecer. Tocar dentro da aula é como tocar em um show ou uma apresentação artística. Isso tira a atenção. Os aparelhos devem ser desligados.” Ela considerou esse aspecto como uma “falta de educação”. “É uma falta de respeito ao professor que está falando. Desvia a atenção do grupo e compromete o rendimento do aluno, porque o professor pode se perder na aula. Ele pode estar em algum momento crucial da explicação, mas ter de começar tudo de novo.”
Foi o que ocorreu com Sofia durante uma aula no início deste ano. “Tocou alto uma vez na aula de Ciência, enquanto a professora estava explicando. Ela não percebeu que era o meu. Eu desliguei rapidinho. A gente perdeu o rumo da aula”, contou a adolescente, que passou a levar o celular para a escola numa época em que o aparelho virou mania onde ela estudava. “No começo eu não levava, mas todo mundo tinha. Meu pai também queria falar comigo às vezes”, justificou Sofia.
Para ela, a própria escola deve estabelecer os limites da utilização do equipamento no ambiente escolar. “O celular pode até funcionar como instrumento de cola nas provas. Tanto que em muitos concursos você é obrigado a desligar o aparelho e deixá-lo embaixo da carteira.” Segundo a pedagoga, é preciso trabalhar esse tipo de valor. “Infelizmente é uma arma tecnológica para ajudar a colar, mas é preciso trabalhar esses valores de que aquele conhecimento não é da pessoa.”
Proibido
No Colégio Universitário em Londrina, a utilização do aparelho em sala de aula é proibida, pelo menos até a 7ª série do ensino fundamental. A orientadora educacional da escola, Marta Inês Rossi Freitas, reconheceu que essa é uma situação nova e que não existia até há alguns anos. “Nós proibimos de usar dentro da sala de aula, mas não de levar no colégio. Temos telefone público e um telefone à disposição deles na coordenação, mas mesmo assim as crianças não deixam de levar o celular.”
Ela afirmou que quando o telefone de algum aluno toca durante uma aula, ele é recolhido pelo professor. “Na primeira vez nós entregamos para o aluno. A partir da segunda ocorrência, devolvemos somente para os pais ou responsáveis”, disse. Marta disse que, em casos quando o celular toca, a aula vira um “tumulto”. “Todos acabam prestando atenção ao celular e deixam de focar na aula e no conteúdo.”



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